terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Por favor deem um “restart” no Rock nacional


Tem-se falado muito na nova geração do Rock nacional. Tudo começou com a explosão do dito “movimento emocore”, com bandas como CPM22 e Detonautas. Com o declínio das primeiras bandas veio uma segunda leva encabeçada por Fresno e NX-zero. Como se não bastasse e evidenciando o quão efêmeros são os fenômenos pop de hoje em dia, em menos de dois anos esta segunda fornada também começou a declinar, dando brecha a uma nova geração, agora com características mais definidas, conhecidos como “os coloridos”. Dentre estes temos os famigerados Cine, Restart e o representante, quase solo, Fiuk.

Note-se que a efemeridade do sucesso destas bandas se coaduna com a personalidade volátil dos jovens de hoje em dia. Jovens insaciáveis, produtos de uma sociedade cada vez mais consumista, imediatista e egoísta. Jovens que trocam de celular a cada três meses; de videogame a cada ano e meio e de gosto musical a cada dois anos, estimulados pelos meios de comunicação que veem neste comportamento um nicho muito rentável e continuam manipulando gostos e desgostos.

O que se comenta sobre esta geração de “bandas”, se é que pode-se chamar assim, é que daqui a uma década lhe daremos o devido valor, assim como ocorreu com a geração anos 90. Será? Pode até ser, mas talvez não seja o mesmo valor que a mídia e os amantes do verdadeiro Rock tem em mente.

Chegaram a comparar com Beatles, que no início fazia canções “love”, cheios de “ye ye ye”, mas que depois viraram verdadeiros gênios, não só do Rock mas da música como um todo. Eu acho uma blasfêmia e, não, não acho, nem tomando muito Diazepan, que estas novas bandas cheguem nem mesmo aos pés dos menores astros de épocas passadas. Mesmo porque, conforme já explanei, os valores dos ouvintes nos dias de hoje, não se comparam com os valores dos ouvintes das décadas anteriores. Os Beatles se eternizaram também, porque “o solo no qual suas sementes foram plantadas era fértil”, hoje o solo é castigado por uma erosão cultural.

Mas estamos indo longe comparando os nossos “coloridos” com os Beatles, sejamos um pouco mais realistas e menos blasfemos. Comparemos com a nata do Rock nacional de todos os tempos. Que dizer de Legião Urbana? Um fenômeno que permanece vivo até hoje graças ao carisma do líder Renato Russo. Basta comparar algumas letras das músicas mais simples da Legião com as maiores pérolas de Restart e companhia que logo saberemos se, de fato, o fenômeno “emo-colorido” vai ser considerado um marco do Rock algum dia:

Acompanhem o jogo de palávras da Legião Urbana, já em seu primeiro album:
“Não estatize meus sentimentos
Pra seu governo,
O meu estado é independente.
Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar o próximo é tão demodé. ” (Baader-Meinhof Blues, Legião Urbana, Composição: Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá).

Agora a choradeira e rimas de “canção” com “coração” de Restart:
“E eu vou te esperar aonde quer que eu vá
Aonde quer que eu vá
Te levo comigo
E eu vou te esperar
Aonde quer que eu vá (x2)
Te levo comigo.
E eu quis escrever uma canção
Que pudesse te fazer sentir
Pra mostrar que o meu coração
Ele só bate por ti.” (Restart).
Compare e extingua a blasfêmia. Não trata-se de saudosismo de um puro representeante dos anos 80; as bandas atuais não tem a consistência e a poesia dos antecessores. Acho que a poesia fala por si.
Basicamente, é isto.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Analfabeto não pode, mas ladrão...



Pois é. O Tiririca ganhou. Nada contra, o povo já votou em gente pior. Muitas críticas e repercussões. Agora surge a possibilidade do, mais famoso do que nunca, palhaço, não poder assumir devido a uma acusação de falsificação de atestado de alfabetização. Se confirmada a acusação, ele, além de perder a candidatura, pode pegar até 5 anos de prisão, além de uma multa.

Agora eu questiono. Tudo bem, se a transgressão foi cometida a punição é merecida, mas por que a transgressão foi cometida? Porque no Brasil, vejam só, os analfabetos não podem lançar candidatura. Por outro lado, os analfabetos, caso desejarem, podem votar! Ora, se um analfabeto não pode ser candidato, por que cargas d'água pode votar? A meu ver o prejuízo é o mesmo para o povo.

Obviamente, para os maiores interessados, a máfia política, é muito conveniente que a massa ignara formada por analfabetos, analfabetos funcionais, semi-analfabetos e mal-alfabetizados possam votar. Claro, isso garante mais compra de votos, voto de cabresto e maior brecha para a manipulação do eleitorado, tanto por meio do marketing eleitoreiro quanto por outros meios igualmente insidiosos.

O fato da acusação de Tiririca, por sua vez, deve-se, não muito ao fato de seu analfabetismo, mas muito mais pela sua exorbitante cota de votos válidos. Quantos palhaços, que mal conseguiam ler o teleprompter na campanha eleitoral, passaram batidos durante a campanha eleitoral? Mas quando, finalmente um palhaço assumido se torna uma ameaça, vamos tratar logo de arrumar uma desculpa para para-lo, não é mesmo senhores políticos?

Provavelmente, Tiririca, que foi monstruosamente votado pelo chamado “voto de protesto”, está arriscado a não receber o diploma, mas aqueles pulhas que, devido à cota de votos de sobra, ganha graças ao Tiririca, não tem o que temer. Eis o grande golpe de marketing dos gênios da política: o povo pensa que vai vencer, pelo menos uma vez com seu voto de protesto, mas, shazammmm, eis que se revela a grande manobra dos mestres da mutreta, e eles nos dão o recado: “Nós sempre rimos por ultimo”.

Pra terminar, a dúvida que nunca cala: Analfabetos não podem se eleger. E ladrões, podem? Pelo jeito, os primeiros estão em desvantagem.

Basicamente, é isto.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A melhor censura


Estes dias recebi um daqueles e-mails de corrente que se alastram como praga na internet. O conteúdo deste, no entanto, me deixou mais indignado que de costume. Tratava-se de um pretenso abaixo assinado para conseguir a censura de um filme que sugere que Jesus teria uma certa, digamos, inclinação homossexual, o que, é óbvio, eu discordo. Contudo, como acho que não seja uma atribuição cristã calar a opinião dos outros (o próprio Jesus respeitava as crenças e descrenças de todos), vou dizer porque não assinei o tal abaixo assinado:


Não assinei, não por aprovação ao filme mas pelos seguintes motivos: não acho legal compactuar com qualquer tipo de censura, nem mesmo religiosa. Como bem disse o sarcástico Voltaire: "Não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-lo".Todos tem o direito de emitir sua opinião, seja por meio de idéias, filmes ou livros. Nós vivemos em um país cristão, mas se a situação se invertesse e vivêssemos em um pais ateu, será que ficaríamos conformados se manifestassem censura às nossas crenças?

É óbvio que o filme, se é que vai passar mesmo, pretende fazer um sensacionalismo e uma polêmica só para arrecadar mais bilheteria, contudo, creio que as pessoas são inteligentes o suficiente para decidirem o que vão assistir ou não, de forma que a melhor censura é a da consciência das pessoas e não a imposta à nossa revelia. E, por ultimo, e o mais importante, Jesus é um herói para mim; um filme, qualquer que seja, não é capaz de representar este grande herói, mesmo os filmes mais bem intencionados. Assim sendo, não reconheço como a história de meu herói, ou uma imagem adequada dele, qualquer obra ficcional que seja, considerando-as assim mesmo, apenas uma obra de ficção. Não é o meu herói, Jesus, que é mostrado nos filmes, apenas um personagem de ficção. Um filme não passa disso, uma ficção banal. Quem quer de fato conhecer Jesus, precisa buscar as escrituras e a iluminação espiritual, e ainda assim vai encontrar limites para expressar o quão grandioso é este ser.

Assim fica minha posição. sou contra a censura, a favor do senso crítico de cada um na hora de decidir o que assistir, e a favor da verdadeira busca pelo conhecimento de Jesus Cristo. "E a vida eterna é esta, que conheçam a ti só como único Deus Verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste"(São João 17:3).

Basicamente, é isto.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Por onde passar?


As cidades existem para as pessoas; certo? Errado. As cidades existem para os automóveis.
Ser um cadeirante em uma cidade, qualquer que ela seja, nos faz enxergar esta dura verdade. Muitos motoristas deixam de ser pessoas quando passam para trás do volante; tornando-se mais próximos das máquinas. Estes seres, que muitas vezes parecem destituídos de sentimentos, acreditam-se os donos das próprias leis da física. Eles abominam qualquer agente que julguem invasores de seu santificado espaço, mais conhecido como asfalto. Por isto, abominam os pedestres, abominam os ciclistas e, sim, abominam os cadeirantes.

O problema é que as cidades possuem toda uma estrutura para aparar os automóveis, mas, muitas vezes, marginalizam qualquer outros meios de transporte. Faltam passarelas para os pedestres, ciclovias para os ciclistas e calçadas decentes para os cadeirantes.

É possível observar este tipo de descaso, sobretudo, nas cidades de interior, como é o caso da cidade na qual resido: Campos do Jordão, onde não existem semáforos.

Onde não existe um bendito semáforo sequer, o trânsito seguro de pedestres fica na dependência das já famigeradas faixas de pedestres. Os problemas começam quando existe uma escassez de faixas; as que existem estão mal localizadas e, o pior, os motoristas podem, ou não, respeitá-las ao se bel-prazer.

Muitas vezes é possível presenciar motoristas se exasperando com pedestres atravessando fora da faixa. Porém, para atravessar em uma faixa, muitas vezes as pessoas precisam andar metros e metros. Ora, se eu preciso atravessar a rua, só para ir até uma padaria, por que eu preciso andar quinhentos metros, só para voltar praticamente ao mesmo lugar no qual eu estava? Pô, era só atravessar a rua. Tudo bem, é questão de segurança, mas que é ridículo, é. E ai de você se um motorista te vê atravessando fora da faixa. Sua família é xingada até a quarta geração, no mínimo.

Em Campos do Jordão existe ciclovia, mas não em todos os trechos. E onde há, ainda existe uma disputa de espaço com os pedestres, principalmente turistas que caminham despreocupados por estas ciclovias. Se por um acaso um ciclista comete o pecado de andar no asfalto, tome buzinada também.

Mas a coisa piora quando você é cadeirante. Aqui entramos em terreno já conhecido por todos aqueles que precisam transitar com suas cadeiras por uma cidade minimamente urbanizada. Poucas linhas de Ônibus com elevador de acesso (em Campos do Jordão ainda existem estes ônibus, mas não quero nem pensar como é onde não existem). As calçadas da cidade são ridículas: algumas muito estreitas; outras cheias de buracos; umas cheias de entulho depositado, quando não pelos moradores, pela própria prefeitura; outras ainda destruídas por raízes de árvores (nada contra as árvores, sou até a favor da arborização, mas isto não quer dizer que eu consiga passar com minha cadeira de rodas por entre as raízes). Outro problema enervante: as guias rebaixadas, que serviriam para dar acesso às calçadas, foram feitas em ângulos absurdos, de modo que, certa vez eu até fiquei preso entre o asfalto e a calçada, não conseguindo nem subir para a calçada e nem voltar para a rua. Na minha cidade, nem sempre onde tem uma guia rebaixada tem uma faixa de pedestres; assim para passar ao outro lado da rua, lá vou eu atravessando pelo asfalto limpo também.

A solução que eu, cadeirante, encontrei para muitas situações, foi justamente transitar indiscriminadamente pela lateral do asfalto, com os carros passando livres e leves ao meu lado. Muitas vezes ouví criticas dos motoristas que passavam por mim; outros motoristas também se colocaram no meu lugar e, até se propuseram a me ajudar (como no caso em que fiquei preso entre a rampa e o asfalto, foi um motorista que parou o carro e me ajudou a sair daquela situação). O problema é que poucos são os que se colocam no lugar de quem transita pela cidade em uma cadeira de rodas.

Infelizmente, enquanto as cidades não forem pensadas para todos, não só para os motoristas, estes tristes exemplos de descaso continuarão. Se você é um cidadão, nunca se esqueça de se colocar no lugar de qualquer pessoa que seja, mesmo no dos motoristas que, por incrível que pareça, não querem te matar, apenas não querem que você se lance de forma inconsequente no espaço deles. Se você é um motorista, não se esqueça de dividir a cidade com os outros, você está seguro dentro de quase duas toneladas de metal; já os pedestres, ciclistas e cadeirantes não. Se você é uma autoridade, comece a pensar nas cidades como um local basicamente habitado por seres humanos de carne e ossos e não por máquinas sem sentimentos.

Basicamente, é isto.